Nascido em
Aracaju em 11 de novembro de 1924, desde muito jovem dedicou-se à pintura.
Dedicou-se a registrar as coisas e pessoas da sua terra, através da pintura, a
que se dedica hà 60 anos, desde quando
descobriu a arte de outro pintor, seu conterrâneo Horácio Hora (1853-1890).
Em 1945 e
1948 realizou exposições em Aracaju. Na primeira vendeu apenas um quadro, o que
o obrigou a voltar à pintura de faixas e cartazes comemorativos. A segunda foi
um marco na sua carreira, ao romper com os padrões acadêmicos, substituindo-os
pelas perspectivas do modernismo. Logo depois executou a pintura decorativa do
Bar Cacique, na sua querida Aracaju.
Em 1949
fixa residência na Bahia, integrando-se no movimento de renovação das artes
plásticas em Salvador. “Minha constância é a Bahia e o Nordeste. A Bahia, pelo
lado lírico, o Nordeste, pelo trágico. Mas a Bahia é o meu maior motivo. Tenho
um apego e fascinação às coisas da Bahia. É a cidade, que vivi durante 51 anos,
a cidade que eu amo”.
A partir
daí, Jenner Augusto da Silveira saiu pelo mundo, estabelecendo uma convivência
com pintores consagrados (Mário Cravo, Carlos Bastos, Genaro de Carvalho,
Carybé, Poty, Rubem Valentim, Pancetti e Portinari), participando de exposições
coletivas, realizando suas individuais, ganhando prêmios, medalhas, citações e
homenagens, em reconhecimento pela genialidade da sua obra: Medalha de Ouro, no
VI Salão Baiano (1956), viagem ao país do Salão Nacional do Rio de Janeiro
(1959) e o Grande Prêmio de Pintura, do Salão de Artes Plásticas do Rio Grande
do Sul (1962).
Na Bahia,
Jenner participa de mostras (novos Artistas Baianos) e realiza exposições
individuais (Galeria Oxumaré – 1952), é selecionado para o I Salão Baiano de
Belas Artes, executa o painel Evolução
Humana, no Centro Educacional Carneiro Ribeiro. De lá sai para o Rio de
Janeiro (Salão Nacional de Arte Moderna) e exposições em galerias de São Paulo.
Hoje, com mostras em quase todos os Estados brasileiros e no exterior – Estados
Unidos, Espanha, Alemanha, Itália, Portugal, Bélgica e França, dentre outros –
a sua obra mereceu sala especial na I Bienal Nacional de Artes Plásticas e três
livros.
Em 1954,
morando no Rio de Janeiro, embarca na onda mundial do abstracionismo. Num
encontro que teve com o amigo Jorge Amado, após esse retornar da Europa, acabou
com um conflito que enfrentava: não satisfeito com o trabalho que vinha
realizando, a conversa com o amigo escritor foi a luz para a retomada do
figurativismo.
Jenner
Augusto teve influência de Jorge Amado na sua vida e na sua obra, sendo o
ilustrador do romance Tenda dos Milagres,
onde consegui captar a alma dos personagens, ricos e fundamentais elementos
formadores da cultura baiana, tão representada pelo universo das personagens
criadas pelo escritor baiano.
Autodidata,
é um artista figurativista, abordou a paisagem urbana, sobretudo o Alagados, de
Salvador. “O Alagados, aquela fase, foi onde transformei aquela miséria, aquela
rusticidade, aquela pobreza, numa coisa bonita. O Alagados era planos
abstratos, mas sem esquecer que existiam seres humanos ali. Era uma pintura de
conotação social, onde o tema era um pretexto, pois a minha pretensão ia bem
além. Posso dizer, sem modéstia, que descobri o Alagados, pois muito pouco se
falava nele naquela época. Era a denúncia de um fato social, um tema
figurativo, uma preocupação abstracionista na arte. Eu gosto da pintura que diz
sem dizer. Que insinua sem a preocupação de configurar demasiadamente aquilo
que está pintando”.
Jenner
percorreu também uma fase expressionista, com temática baseada no sofrimento do
nordestino. “Sou muito chegado à pintura expressionista. Para meu temperamento,
ela diz tudo”.
Um de suas
obras mais conhecidas, o painel de azulejos Os
primeiros habitantes de Sergipe, realizado em 1961, para um dos saguões do
antigo Aeroporto Santa Maria, de Aracaju, foi recentemente restaurado e agora,
encontra-se instalado na sede da Energipe.
Desconfiado,
o artista é de temperamento quieto, caladão e de uma finura no trato a toda
prova. Casado, com dona Luiza, sua companheira desde 1953 e mãe dos seus cinco
filhos, dois deles também pintores.[1]
Um comentário:
Olá, gostaria de confirmar um dado: não é certo que o Jenner faleceu dia 2 de março de 2003? Se esta informação for verdadeira, muito me estranha o texto acima que: se escrito no dia 6 de março de 2003, como foi capaz de não apontar para o falecimento do artista?
Apenas gostaria de confirmar as informações para poder escrever com a consideração que se deve a este artista.
Att.
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