GILFRANCISCO: jornalista,
professor universitário, Diretor do Departamento de Imprensa da ASI, membro do
Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e do Instituto Geográfico e
Histórico da Bahia. gilfrancisco.santos@gmail.com
Programa
Dia 23 -
20 h -
Instalação solene no Instituto de Música – Romance (Conferência)
22 h -
Visita aos arraiais – Baile de São João no Iate Clube
Dia 24 -
9 h - Participação nas Festividades de Instalação
do Centro de Reabilitação
– Ninota Garcia.
10 h - Coquetel
16 h - Participação nas Festividades de Inauguração
do Hotel Palace de
Aracaju
20 h -
Sessão no Instituto de Música – Jornalismo – (Conferência, Debates)
21.30 h – Números zabumbas e de
catumbi na Esplanada do Bonfim
22 h -
Baile de São João, na Associação Atlética
Dia 25 14
h - Visita a São Cristovão
20 h Sessão no Instituto de Música – Mesas
redondas: Crítica. Poesia e
Crônica
Estiveram
participando do festival a convite do Governo sergipano, vários intelectuais do
país como os jornalistas Oscar Tosta (Diário de Pernambuco), Paulo Silveira
(Última Hora), Eneida (Diário de Notícia), Renato Jobim (Diário Carioca);
Ranulfo Oliveira (Presidente da Associação Baiana de Imprensa e Diretor do
jornal A Tarde), Carlos Cony (Correio da Manhã), Moacyr Werneck (escritor), Dr.
Estácio de Lima (Professor da UFBA), Waldemar Matos (professor), José Calasans
(Diretor do Deptº Regional do SENAC-SESC), entre outros. Durante o final do
Governo de Luiz Garcia (1959-1962) ocorreram vários eventos importantes na sua
administração que contribuíram para
divulgar o Estado de Sergipe, alguns como O Festival Sergipano de Escritores, e
as Inaugurações do Hotel Pálace de Aracaju,
da Galeria dos Governadores de Sergipe, numa expressiva homenagem aos
seus ilustres antecessores, os painéis do hall da entrada do Palácio Olímpio
Campos, pintados por Jordão de Oliveira, o Centro de Reabilitação Ninota
Garcia, instalado no bairro Industrial, uma grande obra, que atendia na
recuperação de doentes, enquanto mantinha uma escola, atendendo as crianças e
os jovens de Aracaju e do interior e com o desmonte do Morro do Bonfim foi
possível construir a Estação Rodoviária, inaugurando-se em 31 de janeiro de
1962.
Luiz Garcia
nasceu em Rosário do Catete em 14 de outubro de 1910 e faleceu em Aracaju, a 11
de agosto de 2001. Bacharel pela Faculdade de Direito da Bahia, Promotor
Público, eleito Deputado Estadual (1934-1937), Deputado federal (1951-1955;
1955-1959; 1967-1971; 1971-1975) e Governador do estado (31.01.1959 a
06.06.1962), sucedendo Leandro Maciel, realizou uma administração de inovações.
Luiz Garcia renunciou o Governo para concorrer, no pleito de 1962, a uma
cadeira de Senador, sendo derrotado por Leite Neto (PSD) e Júlio Leite do (PR).
O escritor
baiano, Jorge Amado não pode comparecer, agradeceu o convite conforme carta
enviada à organização do Festival:
“Rio de
Janeiro, 21 de junho de 1962. Grato por seu honroso convite, infelizmente não
posso aceitá-lo, impossibilitado de sair do Rio, neste momento.
Venho, assim,
agradecer-lhe, desculpar-me e fazer votos pelo mais amplo sucesso do festival
dos escritores que se realizará em Aracaju. É com grande tristeza que deixo de
comparecer, pois todos sabem como amo Sergipe e seu povo bom, inteligente,
generoso e de inigualável cordialidade e hospitalidade. Meio sergipano que sou,
tudo quanto se relaciona com a vida sergipana me interessa, sobretudo quando
está em causa a cultura.
Dando-lhe meus
parabéns pela realização do Festival tenho o prazer de renovar ao Governador e
ao amigo das ruas de Estância a minha melhor admiração e a velha estima do
Jorge Amado.[1]
Por ocasião do
ato inaugural do Hotel-Palace de Aracaju, o escritor Vasconcelos Maia,
representante do Prefeito de Salvador, Heitor Dias, passou às mãos do
Governador Luiz Garcia a mensagem enviada pelo Conselho de Turismo da capital
baiana:
“Salvador, 22
de junho de 1962. Tenho a honra de transmitir a V. Excia. As efusivas
congratulações do Conselho de Turismo da Cidade do Salvador, no momento em que
V. Excia., concretizando o dinamismo, a eficiência e a seriedade que vem
imprimindo ao seu governo inaugura, na Capital do seu Estado, obras de
envergadura e de relevante valor para o engrandecimento do seu povo, como sejam
o Centro de Reabilitação, o novo Hotel-Palace e os melhoramentos e ampliação
das instalações portuárias.
Não poderia
este Conselho omitir-se das cerimônias que marcarão o início do funcionamento
destes memoráveis empreendimentos e o faz através da participação pessoal dos
Conselheiros Manoel Pinheiro Cal, Carlos Vasconcelos Maia e Albano Marinho de
Oliveira que irão levar a V. Excia. os aplausos e a admiração de todos os
baianos.
Queria V.
Excia aceitar a expressão do meu elevado apreço e da minha sincera admiração. ”[2]
Luiz Rogério
Presidente
Em junho de
1962 o pintor Jordão de Oliveira encontra-se em Aracaju participando da
inauguração do Hotel Pálace de Aracaju e do Festival Sergipano de Escritores,
com presença marcante de intelectuais baianos e alguns sergipanos que residiam
em outros estados, como Jenner Augusto, Joel Silveira, Nélson de Araújo,
Vasconcelos Maia este último na qualidade de Diretor do Conselho de Turismo de
Salvador, representando o Prefeito Heitor Dias, “acentuou que a sua cidade se
unia à Aracaju, possuído da mesma alegria e que ele não poderia deixar de
assistir tão expressiva e histórica solenidade de tamanha influência na vida
sergipana.”[3]
Na sessão
solene de instalação do Festival Sergipano de Escritores, o Governador Luiz
Garcia assinou mensagem encaminhando à Assembléia Legislativa projeto de lei de
abertura de crédito para a edição da obra poética de Hermes Fontes. Ao tempo em
que o Instituto Nacional do Livro – INL, por solicitação do Governo do estádio,
estará reeditando a obra literária e filosófica de Tobias Barreto.
Devido ao
grande êxito do Festival Sergipano de Escritores, destacando-se a visita feita
à cidade histórica de São Cristovão pelos participantes durante o encerramento
do evento, repercutiu na impressa baiana, a qual registrou através do jornal
“Semana Católica” em sua edição de 8 de julho, com um texto assinado pelo
jornalista Napoleão Lopes Filho:
“São
Cristovão, Sergipe Colonial. O Festival sergipano de Escritores se só veio
cuidar de assuntos especificamente literários em sua sessão de encerramento,
teve pelo menos a vantagem de apresentar a jornalistas cariocas e baianos e
também escritores de outros estados, algo novo de Sergipe: sua estação
rodoviária seu Centro de Reabilitação, seu notável e monumental Hotel construído
em frente à Barra dos Coqueiros, em plena Praça da Alfândega ocupando todo um
quarteirão, e indo às alturas de uns doze andares se não me engano.
Mas houve
Cacumbis e Zabumba, revivendo o colorido folclore nordestino. Mas o que eu
considerei de mais valia foi a visita a São Cristovão a primeira capital
sergipana, hoje cidade-museu.
Mutatis
mutandis é uma Évora de Sergipe uma Ouro Preto do Nordeste. Souberam os
sergipanos guardar ali os exemplos da arquitetura bem nossa nascida da
sabedoria dos colonizadores que misturaram os elementos mestres da arquitetura
européia agora frente a uma paisagem e um contorno com plantas, homens,
animais, climas diferentes. Naturalmente os melhores exemplares dessa nova
linha de construção está nas igrejas e capelas, seguindo-se alguns sobradões de
sóbrias linhas e nobre presença.
Asa igrejas em
números de oito, naturalmente muito além da necessidade da limitada população,
o local revela que a religiosidade do passado seria mais viva e se esperava que
São Cristovão crescesse mais. Ambas razões me parecem válidas, ainda que poucos
documentos contém a história de tudo o que aconteceu ali durante os séculos XVI
até o presente. Waldemar Matos que já tem a seu favor uma obra sobre a
Pinacoteca Municipal de Salvador e uma obra de revisão histórica da Associação
Comercial da Bahia, vasta também e principalmente pelo seu ângulo artístico
mostrou-os interessado em escrever sobre São Cristovão, onde abundante e
inédita matéria prima aflora ao visitante culto.
Mas algo os
tem feito. Quero me referir ao Museu de Sergipe, ali localizado e recentemente
criado, no governo de Luiz Garcia, dado o interesse do jornalista Junot
Silveira, secretário particular do governador, autor de uma biografia de Tobias
Barreto e de um livro sobre trovadores populares da Bahia e do seu irmão o
pintor Jenner Augusto que mora aqui em Salvador.
Ambos cada
qual no seu setor contribuiu para que o Museu de Sergipe promova um verdadeiro
“revival” das coisas de São Cristovão. E para exemplificar vimos com que cuidado
o pintor reconstruiu com critério cronológico a obra do pintor Horácio Hora,
homem de talento que não encontrou entre os seus contemporâneos no Brasil o
estímulo e o aplauso que o seu talento merecia e foi receber o apoio dos
artistas da crítica parisiense.
Horácio Hora
foi um homem integrado na vanguarda da pintura do seu tempo, assim fica bem
claro que seus desenhos, estudos e retratos a óleo que agora se encontram no
Museu de Sergipe representara não só uma homenagem póstuma mas também uma reparação que os sergipanos fazem a tempo por mãos de outros artistas
sergipanos sirva esse exemplo também aos baianos que são um tanto tardios em
reconhecer seus valores levados pelas ciumadas entre grupos ou pelos setores de
crítica comprometidos com ideologias políticas delegam poderes planos a meia
dúzia de maneumandos, sobretudo canhotamente mancomunados..
Além das telas de
Horácio Hora e de outros artistas sergipanos o Museu também recolheu móveis
antigos, armas, cadeirinha de arruar e em sala especial uma série de trajes
usados nas principais festas folclóricas, ilustrados ainda com fotografias
tomadas das pessoas que os usam periodicamente. Logo à entrada há um frontão de
pedra esculpida, são certamente por negro boçal, mas algum escravo já ladino,
ou mesmo por algum artesão carmelita, mas que burilando as armas do Monte
Carmelo e caprichando na representação da espada flamejante do profeta. Elias,
que constitui uma peça de primeira ordem. O mesmo diria de um filtro com
mascarão em baixo relevo encontrado por Jenner Augusto num quintal baldio de
São Cristovão.
As
igrejas merecem descrição mais detalhada o que certamente seria feito por algum
especialista, capaz de comentar com precisão suas origens históricas e o papel
que elas vêm representando através de todos estes anos em que se foi
estruturando a nacionalidade. As que merecem mais atenção são: Capela dos
Jesuítas, as duas igrejas do Carmo, a Grande e a da Ordem Terceira, visinhos e
ainda as de São Francisco, com seu convento e sua Capela da ordem III da
Penitência.
O
historiador que cuide de dar notícia de seus dias áureos por certo recordará
que nos seus átrios também foram representados os autos de Anchieta e Nóbrega,
com atores pintados de tinta preta e vermelha, com os seus umbrais enfeitados
de festões com plantas odorosas, como nos relembra o admirável cronista que foi
Melo Morais Filho.”[4]
(Jornal
Semana Católica, 8 de julho, 1962)
Galeria dos Governadores
Em 6 de julho , às 20 horas, nas dependências do
pavimento térreo do Palácio Olímpio Campos, o Governador Luiz Garcia e o
vice-governador Dionísio de Araújo Machado, acompanhado de várias autoridades
civis, religiosas e militares,
inauguraram a Galeria dos Governadores de Sergipe numa expressiva homenagem aos
seus ilustres antecessores. A fim de inaugurar a Galeria dos Governadores de
Sergipe, numa expressiva homenagem aos seus ilustres antecessores o chefe do
Executivo usou da palavra, afirmando o seu apreço e simpatia aos
ex-governadores sergipanos, para que os que ali chegassem vissem personalidades
que, consoante as suas possibilidades, trabalharam pelo engrandecimento de
Sergipe, dando muito de si em prol do Estado:
“O Senhor Governador destacou a atuação dos seus
antecessores, a capacidade de trabalhar e a inteligência de que eram
portadores, focalizando o último deles, ex-governador Leandro Maciel, que
iniciou em Sergipe, um processo novo de administração verdadeira revolução pelo
trabalho, possibilitando, cestaros a atual administração as realizações que já
são do conhecimento público.”[5]
O
chefe do Estado concluiu que aquela galeria serviria para perenizar nomes de
prol na lembrança e no reconhecimento dos sergipanos em geral. Logo após, o Dr.
João Marques Guimarães, na qualidade de Chefe do Cerimonial, leu a mensagem de
renúncia do senhor Governador Luiz Garcia, dirigida a Assembléia Legislativa,
seguindo-se a leitura pelo senhor Onesimo de Araujo Pinto, diretor da
Secretaria da Justiça e Interior, do termo de transmissão do poder ao senhor
Vice-Governador, o qual foi depois assinado:
“O
Senhor Governador renunciatório, possuído de indisfarçável emoção, voltou a
falar aos sergipanos, fazendo um histórico de sua vida pública, iniciada como
deputado Estadual, na primeira Constituinte após a revolução de 1930, bem moço
ainda e exercendo o cargo de Promotor Público, e aludindo as suas lides
advocatícias à sua luta permanente pelos princípios que até agora norteiam a
sua conduta.”[6]
Sobre
os painéis do Palácio Olimpio Campos, o pintor, caricaturista e crítico de arte
em atividade no Rio de Janeiro, Quirino Campofiorito (1902) professor do Núcleo
Bernardelli (primeiro agrupamento de artistas de orientação não acadêmica a se
formar no Brasil), filho do pintor e arquiteto brasileiro Pedro Campofiorito
(1879-1945), projetou vários edifícios públicos e foi um dos organizadores e
diretor do Museu Antonio Parreiras, em Niterói. Quirino em apresentação do
Catálogo da Exposição Retrospectiva da obra de Jordão de Oliveira, promovida
pelo Centro Sergipano da cidade do Rio de Janeiro, de 1º a 15 de setembro de
1965, onde foram expostas 114 telas, pintadas no período de 1921 a 1964.
Vejamos um trecho específico sobre os painéis:
“Recentemente, realizando pinturas murais de grandes
dimensões, para decorar o Palácio do Governo de Sergipe, desenvolveu Jordão
temas de ousada movimentação de figuras, paisagem e acessórios, sobre a
história econômica daquele Estado. Tarefa cheia de dificuldades, dados os
atropelos que sofre, entre nós, um pintor para realizar trabalhos de excessivas
proporções, o nosso artista, entretanto, se desincumbiu galhardamente,
acrescentando, assim, à sua obra, mais um aspecto que vem colaborar na
afirmativa de que ele tem sabido ampliar as suas possibilidades.”[7]
***
Vejamos a
repercussão do Festival Sergipano de Escritores e da inauguração do Hotel
Palace de Aracaju, através de dois textos publicados na imprensa baiana e
carioca, reproduzidos no Diário Oficial do Estado:
Jornal dos Jornais
A Vida nos Livros – R. J.
Um Festival – Intelectuais de
várias partes do país voaram sábado último a Aracaju, para participar do
Festival Sergipano de Escritores, patrocinado pelo Governador Luiz Garcia e
pela Academia Sergipana de Letras. Compunham a delegação carioca: Paulo
Silveira, Moacir Werneck de Castro, Eneida, Carlos Heitor Coni e o autor destas
linhas. A Bahia, como era de se esperar pela proximidade com Sergipe, mandou
maior número de representantes, entre os quais Vasconcelos Maia, escritor e
diretor de Turismo de Salvador, Estácio Lima, professor de Medicina Legal da
Universidade e agora novelista com o volume A Aeromoça, Napoleão Agostinho
Lopes, poeta, colunista literário de A Tarde.
O
festival instalado solenemente na mesma noite de sábado, no Instituto de
Música, ao som da garbosa banda da Polícia Militar. Em seguida os participantes
visitaram diversos arraiais, onde o povo comemorava, dançando e fantasiado de
caipira, a noite de São João. Particularidade que chamou a atenção dos
visitantes, no trajeto para os arraiais: diante de cada moradia acendera-se uma
pequena fogueira – costume tradicional do Nordeste. A noite terminou com um
baile também caipira no Iate Clube.
Às
9 horas, de domingo, inaugurava-se o bem aparelhado Centro de Reabilitação
“Ninota Garcia”, uma das realizações do atual governo do Estado. À noite foi à
vez do gigantesco Hotel Palace de Aracaju ser entregue ao público. Ocupando um
edifício de onze andares e dotado das melhores condições de conforto, é o Hotel
Palace de Aracaju uma das mais arrojadas obras de engenharia do Nordeste, e sua
importância fica evidenciada quando se leva em conta que a capital sergipana só
dispunha de hotéis de terceira classe para baixo. Também – e, sobretudo – o
Hotel Palace é uma realização do governo Luiz Garcia. Como o é o edifício da
Estação Rodoviária, que lembra nas suas linhas aerodinâmicas a arquitetura de
Brasília.
Ontem,
os festejos prosseguiram com visitas às cidades de Laranjeiras, Maroim e São
Cristovão (onde se viram números das danças zabumba e cacumbi) e com
mesas-redondas sobre poesia, crítica e crônica.
Os
auxiliares diretos do Governo Garcia foram exemplares na assistência aos
congressistas, sendo justo que se destaque a atuação de Junot Silveira e
Marques Guimarães, respectivamente Secretário Particular e Secretário de
Imprensa do Governador.
Já
que o assunto é semelhante, lembro aos interessados: as inscrições para o III
Festival Brasileiro de Escritores terminam dia 11 de julho próximo. Desta vez a
grande noite de autógrafo transcorrerá no Museu de Arte Moderna. Como nos
outros anos, cada autor terá madrinha (vedete, principalmente) que o ajudará a
vender seu livro.[8]
(Diária
Carioca de 26 de junho de 1962)
***
Jornal dos Jornais
A Tarde – da Bahia órgão que se
edita na capital baiana publica na sua edição de 1º do fluente, o seguinte:
Turismo para
Sergipe
Com a
inauguração de seu grandioso hotel, o Palace, Sergipe dá um magnífico salto
para o futuro. O que representa um hotel de categoria, um hotel de classe
internacional para um Estado e para uma capital. Salvador, capital da Bahia
pode dizer muito bem. E não é só pelas possibilidades que se abrem para o
turismo um hotel do tipo do Palace de Aracaju além de lhe abrir horizonte novo
– o da exploração do turismo – além de representar uma necessária sala de
visita para a dinâmica cidade, por isso e por aquilo, vai proporcionar motivo e
ocasião para prósperos negócios em benefício da capital e do Estado. Aconteceu
isto em Salvador, quando o Hotel da Bahia começou a funcionar. Acontecerá o
mesmo em Sergipe quando o seu hotel estiver em pleno funcionamento, quando se
divulgar o bastante em que Aracaju já existe um hotel digno de progresso e
civilização.
Para o turismo
sergipano, o seu hotel Palace lhe trás uma chance que a oposição ao Governado
Luiz Garcia talvez não haja pensado. (Otávio Mangabeira sofreu também
sistemática oposição quando realizou sua grande obra na espécie) – Pode lhe
trazer por intermédio de inteligente propaganda toda ou grande parte do pessoal
em tráfego Recife-Salvador e vice-versa. Gente, às centenas, que passa correndo
por Aracaju quando coma a estrado do litoral ou que despreza Aracaju e prefere
a outra estrada do interior. A construção do grande, belo e oportuno hotel pode
e deve ser um motivo de chamariz do passante, e muito mais do que isso, tem
possibilidade de fixá-lo por um, dois e até mesmo três dias em Aracaju.
E Aracaju,
seus arredores, suas cidadezinhas em volta, seu rio, tem muito o que mostrar em
três dias, numa contradição à surpreendente declaração de alguns que
desconhecendo sem motivo, a riqueza
turística de sua região consideram o hotel desnecessário por “não possuir
Aracaju atrativos turísticos”. (!) Um absurdo.
Um fim de
semana me bastou para comprovar o contrário. Aracaju e arredores possuem
atrações turísticas suficientes para prender o homem de negócios, o passageiro
em trânsito aquele que por necessidade tenha de ir até lá, como fascina o
turista na verdadeira acepção da palavra aquele que for até lá em busca de
sensações de novidades, do pitoresco da paisagem.
O que faltava
em Aracaju, para o seu bom início de exploração do turismo – e nesse conceito
estão também inclusos congressos, simpósios, convenções, mesas-redondas
interestaduais e intermunicipais – era pelo menos um hotel que agora o
governador Luiz Garcia teve o juízo, a visão e o patriotismo de erguer,
orientado por um sistema moderno de alto financiamento que não onerou o seu
Estado e lhe abre perspectivas de maiores arrecadações em futuro bem próximo.[9]
(Vasconcelos
Maia. Diretor do Departamento de Turismo da Cidade de Salvador)
[1] Diário Oficial do Estado.
Aracaju, 22 de junho, 1962.
[2] Diário Oficial do Estado.
Aracaju, 23 de junho, 1962.
[3] Noticiário. Diário Oficial do
Estado. Aracaju, 27 de junho, 1962.
[4] Diário Oficial do Estado.
Aracaju, 14 de julho, 1962.
[5] Noticiário. Diário Oficial do
Estado. Aracaju, 13 de julho, 1962
[6] Noticiário. Diário Oficial do
Estado. Aracaju, 13 de julho, 1962.
[7] Catálogo da Exposição de 1965,
reproduzido Por Marcelo Ribeiro no livro Jordão
de Oliveira. Aracaju. Secult, 2006.
[8] Diário Oficial do Estado.
Aracaju, 10 de julho, 1962.
[9] Diário Oficial do Estado.
Aracaju, 26 de julho, 1962.
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